Meu catavento tem dentro o que há do lado de fora
Do teu girassol
Entre o escancaro e o contido,
Eu te pedi sustenido
E você riu bemol
Você só pensa no espaço, Eu exigi duração
Eu sou um gato de subúrbio,
Você é litorânea
Quando eu respeito os sinais vejo você de patins
Vindo na contramão
Mas quando ataco de macho,
Você se faz de capacho
E não quer confusão
Nenhum dos dois se entregam,
Nós não ouvimos conselho
Eu sou você que se vai
No sumidouro do espelho
Eu sou você que se vai
No sumidouro do espelho
Eu sou do Engenho de Dentro e você vive
No vento do Arpoador
Eu tenho um jeito arredio e você é expansiva,
O inseto e a flor
Um torce pra Mia Farrow,
O outro é Woody Allen
Quando assovio uma seresta
Você dança havaiana
Eu vou de tênis e jeans,
Encontro você demais,
Scarpin,
Soiré
Quando o pau quebra na esquina,
Cê ataca de fina e me ofende em inglês
É fuck you, bate bronha
E ninguém mete o bedelho
Você sou eu que me vou
No sumidouro do espelho
Você sou eu que me vou
No sumidouro do espelho
A paz é feita num motel de alma lavada e passada
Pra descobrir logo depois que não serviu pra nada
Nos dias de carnaval
Aumentam os desenganos
Você vai pra Parati e eu pro Cacique de Ramos
Meu catavento tem dentro
O vento escancarado do Arpoador
Teu girassol tem de fora o escondido do Engenho
De Dentro da flor
Eu sinto muita saudade,
Você é contemporânea
Eu penso em tudo quanto faço,
Você é tão espontânea
Sei que um depende do outro só pra ser diferente,
Pra se completar
Sei que um se afasta do outro, No sufoco,
Somente pra se aproximar
Cê tem um jeito verde de ser
E eu sou meio vermelho
Mas os dois juntos se vão
No sumidouro do espelho
Mas os dois juntos se vão
No sumidouro do espelho
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